Ironia: A ironia ocorre quando o que é dito é contrário ao que se quer expressar, criando um efeito de contraste entre a palavra e a realidade.
Metáfora: A metáfora faz uma comparação implícita entre dois elementos, atribuindo a um o significado do outro sem usar "como".
Antítese: A antítese é o contraste entre ideias opostas, destacando suas diferenças de forma clara.
Leia o trecho abaixo, retirado do romance "A falência", de Júlia Lopes de Almeida
Camila fazia crochê perto do lampião; Sofia refugiara-se para um canto do canapé, queixando-se da cabeça. E a mãe começou a falar com ar de sinceridade, muito demonstrativa. A cada instante o nome de Camila saia-lhe da boca com um elogio. Era a filha mais velha e a mais instruída: pilhara os tempos das vacas gordas, quando o pai exercia um cargo lucrativo.
Os dedos de Camila apressavam-se no crochê; com certeza ela havia de ter errado os pontos e sentido os olhares de Teodoro queimarem-lhe a pele, que a tinha linda, de uma alvura azul de camélia.
D. Emília asseverava que a sua Mila, como a chamavam em casa, esquecia-se das suas prendas, obrigadas pela necessidade a fazer serviços domésticos.
Francisco Teodoro comoveu-se com a idéia de que aquela mulher, talhada para rainha, passasse os dias a picar os dedos na agulha ou a calejar as mãos com o uso da vassoura ou do ferro.
Trabalhar! trabalhar é bom para os homens, de pele endurecida e alma feita de coragem. Olhou para a moça com veneração.
Era bonita, alta, com grandes olhos aveludados, cabelo ondeado preto e uns dentes perfeitos, muito brancos, mas que ela mostrava pouco, sorrindo apenas. Da irmã Sofia, na sombra, mal se adivinhavam as feições. [...]
Sentiu então como que um desdobramento de personalidade. Ela que passava, sozinha, vestida da lã negra, com um véu de crepe pela cara, mal arranjada, abotoada à pressa, não era a Camila dos vestidos claros e das mãos luminosas; essa estaria lá dentro do palacete no seu eterno sonho de mocidade, de amor e de beleza...
[...] E ela? Ela bem diferente: caseira, mal vestida, egoísta e muito severa para as faltas alheias... Prodigalizava-se pouco, o próprio marido não obtinha dela mais do que o carinho frio, de condescendência; não por mal, não por propósito, nem sabia porque… [...]
Às onze horas da manhã seguinte, Camila sentou-se a um canto da sala de trabalho. O sol entrava pela janela, estendendo no chão uma toalha de ouro. Debruçada sobre a mesa, Ruth escrevia em papel de pauta, preparando lições para duas discípulas novas. Toda a sua indolência antiga se transformara em atividade. Nina cosia à máquina e, no meio da casa, Noca borrifava a roupa para o engomado. Ela olhou para todos. Ruth estava feiosa, muito magrinha; mas a sua coragem iluminava-lhe a fronte, uma fronte de homem, vasta e pensadora; as outras pareciam até mais bonitas naquele afã. Estavam na sua atmosfera.
Com voz pausada e clara, Camila pediu que lhe dessem trabalho. Olharam-na com espanto.
- Mamãe, quer mesmo fazer alguma coisa?!
- Sim, minha filha... Tudo acabou, devo começar vida nova! [...]
- Faz bem, tia Mila. O trabalho distrai. [...]
Leia os trechos abaixo.
Era bonita, alta, com grandes olhos aveludados, cabelo ondeado preto e uns dentes perfeitos, muito brancos, mas que ela mostrava pouco, sorrindo apenas.”
Ela que passava, sozinha, vestida da lã negra, com um véu de crepe pela cara, mal arranjada, abotoada à pressa, não era a Camila dos vestidos claros e das mãos luminosas.”
A partir da leitura, é possível depreender que o recurso estilístico utilizado produz o efeito de