A Genética e a explicação do comportamento humano - Psicologia B

A investigação conduzida por Spencer Wells no âmbito do projeto Genográfico, da National Geographic, tem por objetivo:

• Descobrir as diferenças entre raças humanas.

• Explicar a diversidade genética humana a partir da sua migração iniciada na região euroasiática

• Esclarecer a origem da língua humana mais antiga do mundo.

• Descobrir a origem comum da humanidade a partir da descoberta de marcadores genéticos.

Answer explanation

O documentário conclui pela refutação do racismo, apontando factos incontestáveis que refutam a ideologia e os preconceitos racistas. O racismo é falsa biologia e não tem qualquer sustentação científica.

A genética permitiu descobrir que após a migração da espécie humana para fora do continente africano, há cerca de 60 mil anos, os seres humanos com os marcadores mais antigos foram localizados:

• Na Ásia Central, atual Cazaquistão.

• Na Índia, mais concretamente, na região sul.

• Na Austrália. Os aborígenes são os seres humanos modernos que possuem o marcador genético africano comum aos San.

• No extremo siberiano no interior do Ártico da atual Federação Russa, na tribo das renas, os Chukchi, antepassados genéticos de todos os ameríndios.

Answer explanation

Notem no percurso migratório da hipótese científica "out of Africa". Verifiquem as datas. recordem que o geneticista, no documentário, logo após sair da Namíbia, dirige-se para a Austrália. E é aí que a ciência e a tradição religiosa e mitológica entram em confronto na discussão da origem da humanidade.

No início do documentário, Spencer Wells dirigiu-se à Namíbia, numa região do continente africano caracterizada pela savana semi-desértica, ao sul de Angola. Porquê? Clica na hiperligação: https://youtu.be/W6WO5XabD-s

• Existem vestígios arqueológicos importantes nessa região que evidenciam a presença dos seres humanos mais antigos.

• Uma tribo de caçadores-recoletores, conhecida por San, possui a língua humana mais antiga do mundo.

• De um ponto de vista genético, a tribo San possui o marcador genético mais antigo da humanidade, presente em todas as populações humanas.

• Os seres humanos modernos estiveram à beira da extinção há cerca de 30 mil anos e os San são os únicos sobreviventes que ainda perduram geneticamente.

Answer explanation

Há duas respostas corretas: por um lado, a prova ou evidência linguística. A língua dos bosquímanos é única no mundo. Ouçam o vídeo e recordem o que viram no documentário na sala de aula. E sabemos que a pesquisa do seu ADN comprovou a existência do marcador genético (mutação) mais antiga em toda a genealogia da nossa espécie.

O continente europeu não foi imediatamente ocupado pelos seres humanos modernos saídos na sua primeira migração para fora de África. Mas, porquê?

• Era impossível chegar ao continente europeu devido a uma Era Glaciar que tornava impossível a fixação de seres humanos.

• O continente europeu e uma boa parte da Ásia Central já se encontrava ocupada por um hominídeo mais antigo e mais forte.

• Os primeiros seres humanos modernos aproveitaram as linhas de costa que foram abertas durantes a Era Glaciar e dirigiram-se primeiro para a Austrália.

• Os conflitos pré-históricos com os Neandertais impediram a fixação das populações humanas modernas.

Answer explanation

De facto, havia um hominídeo mais antigo, uma divergência genética de um antepassado comum aos seres humanos modernos sapiens sapiens. Mas terá sido um conjunto de alterações climáticas globais catastróficas que permitiram a primeira marcha da humanidade até à Austrália, evitando as "garras de gelo" de uma Era Glacial que provocou a saída do continente africano dos nossos antepassados.

O estudo de um hominídeo extinto como o homem de neandertal é importante para a psicologia porque:

• Aprendemos mais sobre muitos aspetos do nosso próprio comportamento e dos processos mentais que caracterizam a humanidade moderna.

• Para a psicologia não é relevante, apenas para a genética.

• Para a história, arqueologia e paleontologia será relevante - a psicologia não se interessa por esse assunto.

• Aprendemos a reconstituir imensos factos sobre a evolução da espécie humana, sobretudo se cruzarmos dados relativos à genética dos neandertais.

Answer explanation

O conhecimento atual derivado da genética comprova que houve miscigenação entre os dois tipos de hominídeos e isso pode ser uma provável (mas não a única) explicação para a extinção dos neandertais.

Um dos mistérios que envolvem a passagem dos seres humanos modernos para as Américas é saber como isso aconteceu de facto. Há uma hipótese científica derivada da climatologia e da geologia, a passagem do Ártico, e relaciona-se com o nome de um célebre navegador dinamarquês.

O projeto Genográfico de Spencer Wells, observado em documentário nas aulas, tem por objetivo central:

• Descobrir a genealogia da humanidade; refutar o racismo; provar o sentido migratório da espécie humana.

• Descobrir marcadores genéticos; provar que todos somos africanos debaixo da pele; descobrir a língua mais antiga.

• Provar a diversidade genética humana; identificar mutações genéticas; mostrar a origem da espécie humana em diferentes regiões do planeta.

• Provar o caráter pseudocientífico do racismo; provar que a humanidade tem a sua origem genética comum no continente africano; analisar o ADN de populações isoladas para descobrir falhas nas variações genéticas.

Answer explanation

Não existem falhas em variações genéticas; há falhas ou erros no código genético que ficam registadas nos marcadores genéticos; não existe uma origem da espécie humana em diferentes regiões do planeta, pois o documentário testa e tenta provar uma outra hipótese: a espécie humana tem uma origem genética comum e única em populações africanas (hipótese "out of Africa"). A descoberta da língua mais antiga do mundo faz parte de um outro ramo científico, a linguística e a história das línguas, bem como da antropologia linguística - não é uma descoberta da genética. Pretende-se provar que a espécie humana migrou desde África e por isso rejeita-se a hipótese do multirregionalismo.

O mapa revela os percursos migratórios dos seres humanos na sua fixação nas diversas regiões do nosso planeta. De acordo com os dados, podemos afirmar:

• O continente europeu foi o primeiro a ser ocupado pelos seres humanos modernos "sapiens sapiens"

• O continente americano foi o último a ser ocupado pela espécie humana.

• Não existem evidências ou provas genéticas de que os seres humanos modernos "sapiens sapiens" tenham passado pela região do continente indiano.

• Os seres humanos mais antigos "sapiens sapiens" foram os "neandertais" que ocuparam primeiro a placa euroasiática.

Answer explanation

Com efeito, os dados recolhidos pelo projeto Genográfico de Spencer Wells provam que o marcador genético da Ásia Central é comum a todos os nativos da América do Norte e este dado é comum a todas as populações humanas europeias. Além disso, para além dos factos apresentados na secção final do documentário observado nas aulas, o mapa revela as datas aproximadas mais recentes que coincidiram com o fim da Idade de Gelo, permitindo a passagem dos seres humanos do extremo oriente siberiano para o continente americano.

No documentário A Jornada do Homem, a antropóloga Nina Jablonski, explica uma série de factos sobre a capacidade de resistência da "tribo das renas", o povo nómada Chukchi, que vive ainda no extremo siberiano russo.

• Os Chukchi são os antepassados genéticos de todos os nativos do continente americano.

• Os Chukchi vivem em condições extremas no Ártico, num ambiente que atinge mais de 60 graus Celsius negativos.

• As regras de Bergmann e de Allen defendem que o corpo humano em regiões mais frias tende a reduzir a extensão dos membros e a ficar mais arredondado na região do baixo ventre.

• A dieta diária dos Chukchi é assente praticamente em carne de rena e as suas rotas migratórias de povo nómada segue a busca dos animais por novos pastos.

Answer explanation

Reduzir a extensão dos braços e das pernas, para minimizar a exposição ao frio intenso, reduzindo a estatura do corpo, além de concentrar camadas de gordura na zona da barriga, são adaptações biológicas comuns a todos os povos que vivem em regiões muito frias. É por isso que os Chukchi conseguiram adaptar-se às condições climáticas do frio siberiano intenso: conseguem acumular calor e resistem melhor do que outros seres humanos de outras regiões.

A partir dos dados recolhidos da observação do documentário A Jornada do Homem, seleciona as razões adequadas que esse projeto científico permite extrair para comprovar o caráter pseudocientífico da ideologia racista.

• Não existem raças humans, somos todos geneticamente aparentados, separados por umas meras 2 mil gerações.

• Os conceitos de raça diferenciada não se aplicam à humanidade: somos uma espécie única.

• Não existem raças humanas, só há variabilidade genética que se revela superficialmente em adaptações observáveis ao nível do fenótipo.

• A humanidade tem uma genealogia comum e todos somos, literalmente, africanos debaixo da pele. Sofremos diversas mutações genéticas, como a despigmentação da pele, a aquisição de pilosidade, ou alterações morfológicas provocadas em boa parte por alterações climáticas.

Answer explanation

A longa odisseia da humanidade revela, através da história genética inscrita no sangue, que todos somos, nas palavras de Spencer Wells: «literalmente africanos por debaixo da pele», «irmãos e irmãs separadas por umas meras 2 mil gerações». A divisão da humanidade em raças está por isso errada e é desmistificada pela atual ciência genética. Não há propriamente «raças» humanas, mas uma série de adaptações a condições ambientais muito diversificadas, que causaram mutações genéticas e variabilidade. O contributo das alterações climáticas pode em boa parte explicar as mudanças e correntes migratórias da humanidade.

As diferenças entre os seres humanos manifestam-se no seu fenótipo, são superficiais, mas na sua origem ancestral, a humanidade tem um antepassado comum (os marcadores genéticos estão presentes no genoma humano). A espécie humana é uma só e por isso não há nenhuma razão científica para supor que há raças superiores e inferiores.

As adaptações dos seres humanos a ambientes tão diferentes como o deserto do Calaári, ou as estepes geladas da Sibéria, explicam as diferenças fenotípicas, mas, para além da aparência visível, decifrar o ADN dos seres humanos de regiões tão distintas permite descobrir e identificar a sua origem comum. A humanidade partilha uma história com uma genealogia comum e que reside oculta no genoma, à espera de ser descoberta, e esta tarefa deve ser concluída o mais rapidamente possível, pois, num mundo globalizado, o isolamento de comunidades humanas ancestrais está a terminar, tal como as pegadas dos nossos antepassados que deixaram África há cerca de 60 mil anos para colonizar o planeta já desapareceram.

O racismo é uma ideologia injustificável e pseudocientífica em função das evidências genéticas reveladas pela investigação do geneticista Spencer Wells. Do facto de existirem diferenças visíveis óbvias nos seres humanos não se pode extrair a conclusão de que há «raças» diferentes – somos todos membros de uma única espécie que possui uma evolução genética comum. As diferenças visíveis são meramente superficiais, são aparências físicas que só agora começam a ser corretamente esclarecidas pelo contributo de várias ciências.

O racismo foi uma ideologia que se inventou há cerca de 500 anos, embora o preconceito cultural e racial seja muito mais antigo. O racismo é uma teoria ideológica sem sustentabilidade científica, usada ao longo da história para tentar justificar o injustificável: maltratar e abusar de outros seres humanos, rotulando-os como inferiores ou degenerados, em nome do lucro económico, em função de interesses políticos ou de valores religiosos. Num mundo globalizado e em que a ciência tem desvendado imensos factos sobre a origem comum da humanidade, o racismo já não tem fundamento (e a ignorância ou o desprezo por factos científicos são ainda o terreno fértil para a existência de indivíduos racistas). A melhor forma de combater o racismo é através da educação e da mudança de mentalidades por via da divulgação de descobertas e factos científicos que evidenciam a herança comum da humanidade e que há muito mais laços que nos unem, enquanto espécie, do que aquilo que nos separa. Não por acaso, o documentário termina no Rio de Janeiro, na celebração do Carnaval, um momento de festa e de encontro de toda a humanidade, como se houvesse uma reunião global a indicar que somos uma única espécie, com as suas diferenças, mas que cada um de nós faz parte de um todo comum.

A ciência revela o carácter preconceituoso do racismo: em termos psicológicos suporta-se numa emoção primitiva básica: o medo da diferença, o receio de pessoas que têm características que não compreendemos à luz dos nossos padrões de cultura (diferenças na língua, nos hábitos de vida, nos costumes, nos modos de ver, ser, pensar e agir); a tendência para a discriminação de outros povos ou grupos humanos passa por uma atitude de evitação e de não-contacto social com as pessoas que são percecionadas como diferentes de nós.

O preconceito racial discriminatório deriva, de assim quisermos, da ignorância e incompreensão face à perceção de outros povos e culturas. Também podemos apontar outra dimensão psicológica mais problemática: a rejeição e perseguição violentas contra pessoas cuja diferença é percebida como uma ameaça. O sadismo, o puro desejo de provocar mal intencionalmente a outras pessoas, através do isolamento social, de desenvolver medidas com vista a reduzir as liberdades e direitos dos grupos percecionados como inferiores ou indesejáveis, pode conduzir a políticas de confinamento, de deslocamento forçado, a processos de acantonamento e de reeducação forçada, em suma, originar práticas de violência cultural com o objetivo de não deixar existir outros povos com a sua identidade cultural.

As consequências extremas do racismo são conhecidas: o etnocídio e, no limite, o genocídio. Podem existir alguns fatores conjugados que de um ponto de vista psicológico podem predispor as pessoas para as atitudes racistas: o medo da diferença, a incompreensão ou ignorância da diversidade humana e das suas origens, o desejo sádico de provocar mal e sofrimento em outros seres humanos, a manipulação ideológica com objetivos de domínio político, a exploração do homem pelo homem para obter lucro (motivações económicas), a crença de que há povos cuja cultura é superior à cultura de outros povos, a perceção comum de que há outros seres humanos que representam uma ameaça à nossa sobrevivência, a educação de novas gerações no ódio racial que conduz a uma divisão categórica entre “nós” e os “outros”. Quando estes fatores são conjugados, moldam as mentes das pessoas e formatam a sua visão distorcida do mundo, gerando atitudes de discriminação e de violência contra outros seres humanos. O racismo, no limite, corresponde a uma descaracterização da humanidade de outros grupos humanos, gera um processo de desumanização que pretende justificar o injustificável: tratar outros seres humanos como se fossem coisas, seres não-humanos, rotulando-os como inferiores e retirar-lhes a sua dignidade, provocando a sua exploração, submissão e eventualmente a extinção.

Não existe nenhum gene inscrito na filogenia humana que explique o ódio racial: não há fundamento para a categorização racista de um ponto de vista biológico. O racismo não se transmite por via da hereditariedade: é aprendido, é inculcado por via da educação e transmissão cultural, é uma herança que deriva da socialização de gerações que foram formatadas para percecionar a diferença de modo violento e discriminatório.

O projeto genográfico de Spencer Wells demonstra que a ciência pode revelar a nossa origem comum e que o medo que podemos sentir em relação a outros povos vistos como diferentes e distantes da nossa realidade cultural pode ser superado e substituído por uma visão global, informada, baseada em factos e evidências científicas. Somos uma espécie única cujo passado evolutivo tem uma história comum no longo processo de migração das regiões mais distantes do nosso planeta; nesse processo migratório sofremos mutações genéticas, identificadas por marcadores presentes em comunidades humanas espalhadas pelo mundo, gerando diversidade, genética e, por força do isolamento das comunidades humanas, diversidade cultural.

Se a ciência nos ajudar a entender melhor a nossa origem comum, podemos superar o medo da diferença, a incompreensão, a ignorância, o preconceito racial, e evitar atitudes agressivas e discriminatórias. Afinal, somos todos africanos debaixo da pele, só que não sabíamos isso e agora, com os dados científicos disponíveis, podemos finalmente compreender melhor a diversidade humana e aprender a viver com ela com base em atitudes de respeito e de tolerância face às diferenças.

Um dado científico relevante diz respeito às diferenças na cor da pele, elemento central para o desenvolvimento de categorizações raciais: as realidades das pesquisas científicas mostram que a segregação da melanina é necessária não só para proteger os seres humanos da exposição solar intensa, própria dos trópicos no continente africano, evitando os efeitos potencialmente cancerígenos da radiação ultravioleta, como é necessária para assegurar a reprodução sexual eficaz. Além de tornar a pele escura, a melanina absorve os raios ultravioleta do Sol e faz com que percam energia. Os cientistas acreditavam que esse traço havia evoluído para evitar cancros cutâneos, mas essa hipótese foi substituída por outros dados.

Em 1991, Nina Jablonski encontrou estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato. A deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna dos seus filhos. Além disso, o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, como a produção de espermatozoides. “Nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo”, diz a antropóloga.

Enquanto os humanos modernos estavam restritos à África, a melanina funcionava bem para todos. Eles eram um grupo bastante homogéneo, porque, por motivos desconhecidos, os primeiros humanos estiveram perto da extinção há cerca de 200 mil anos, com talvez não mais de 20 mil pessoas. Posteriormente, a descoberta de novas ferramentas e o crescimento da população tornou a África pequena demais para eles e, cerca de 100 mil anos atrás, os homens modernos chegaram à Ásia. Daí chegaram à Oceânia, depois para a Europa e, há pelo menos 15 mil anos, à América.

 

Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioleta. Esse tipo de radiação é nocivo em quase todos os aspetos, mas tem um papel essencial no organismo: iniciar a formação na pele de vitamina D, necessária para o desenvolvimento do esqueleto e a manutenção do sistema imunológico. A tendência então foi que populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolvessem pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Em regiões intermediárias, o truque evolutivo foi o bronzeamento – uma camada temporária de melanina para proteger o folato em épocas de sol e produzir vitamina D quando ele não fosse tão forte. Ou seja, de acordo com os novos estudos, a cor da pele é apenas uma forma de regular nutrientes. Trata-se de uma mutação genética no longo processo da história evolutiva da humanidade na sua adaptação a regiões climáticas diferentes do clima africano original, berço comum da espécie humana.